Alergia aos ácaros e gramíneas

Alergias-642x336A visão psicossomática vem acrescentar um novo capítulo na compreensão das alergias.

Embora se saiba que existe um vasto e documentado estudo científico em torno das alergias, a PCH – Psicossomática Clínica Humanística procura acrescentar uma nova perspectiva, inserindo na equação os fatores psicológico e emocional.

 

Na prática da PCH tem-se comprovado que é possível resolver uma alergia através de uma terapêutica psicológica e emocional.

 

Perante uma alergia é necessário colocar a seguinte questão:

Qual é a função biológica e psicológica de uma alergia?

As alergias funcionam como um mecanismo de proteção. Por si só, a alergia tem a utilidade de informar ao inconsciente biológico a presença de um determinado alérgeno, seja ele um alimento, pêlos de animais, penas, poeiras, pólen, metais, produtos químicos, perfumes ou qualquer outro elemento.

Na presença do dito alérgeno, o inconsciente biológico defende-se através do sistema imunológico, como se se tratasse de um “invasor” perigoso. Mesmo sabendo conscientemente que o alérgeno é inofensivo, o inconsciente biológico reage como se estivesse na presença de um verdadeiro perigo.

Adulterando um pouco o pensamento de Pascal: “O corpo tem razões que a própria razão desconhece”.

Para que é que o meu corpo precisa de me alertar para o perigo do alérgeno?

Aqui entra a PCH. Num momento particularmente emocional como o anúncio repentino de uma separação amorosa, o saber da morte de alguém muito querido, uma ruptura forçada com um amigo ou de outro drama emocional intenso, pode criar-se um chamado psicochoque biológico.

Todos podem viver dramas emocionais, mas para que estes se convertam num psicochoque biológico, terão de se verificar as seguintes premissas:

  • Receber o choque de uma forma inesperada e repentina;
  • Existir uma repressão emocional do choque;
  • Viver o drama em silêncio;
  • Não conseguir gerir mentalmente a informação recebida.

Nesse exato momento temporal, o cérebro capta todas as informações em redor do corpo como uma câmara de filmar, através de 5 bandas:

  • Banda vídeo (grava tudo o que estamos vendo: as paisagens, as cores, o tempo, o que estamos lendo…);
  • Banda do som (grava tudo o que estamos ouvindo: os ruídos, as vozes, os silêncios, os gritos…);
  • Banda olfativa (grava tudo o que estamos cheirando: os cheiros e quaisquer elementos em contato com a mucosa nasal, tais como pólen ou pó);
  • Banda gustativa (grava tudo o que estamos saboreando: tudo o que está em contato com a nossa boca e que estamos a provar, sobretudo alimentos);
  • Banda tátil (grava tudo o que estamos recebendo através da pele);
  • Banda do pensamento (grava tudo o que estamos pensando, sobretudo durante o momento do psicochoque).

Numa fração de segundo, todas as bandas são captadas pelo computador cerebral central, consciente e inconsciente. Nesse momento, uma bomba atômica emocional reprimida é largada na mente, criando terreno psicobiológico para uma futura alergia. Tudo que estiver gravado no momento do psicochoque, o cérebro associa a “perigo” através de um condicionamento mental inconsciente.

Uma das bandas de gravação torna-se particularmente sensível.

Se for a olfativa, está particularmente atento ao perfume/cheiro que estava no momento presente, se for a gustativa, está mais atento ao sabor que estava presente na boca. Já se a banda predominante for a visual, dá-se mais atenção ao local paisagístico presente no campo visual…

Num dado momento do futuro e na presença do determinado alérgeno, o cérebro inconsciente ativa um sinal de alerta para o sistema imunológico. Neste caso, o alérgeno torna-se num trigger, ou sinal gatilho, do psicochoque reprimido.

Como exemplificação, atentemos no seguinte caso real:

  • Homem, 21 anos
  • Alergia às gramíneas e ácaros (confirmação no teste alérgeno)
  • Ocorrência: manifesta-se ao longo do ano. Constantes espirros e abundância de muco nasal, sobretudo na presença de tapetes.
  • Início dos primeiros sintomas alérgicos: aos 11 anos de idade, logo após a entrada no 2º ciclo do ensino básico.

Foi-lhe explicada toda a visão da PCH e pedido que tentasse associar os alérgenos a um episódio que pudesse justificar a alergia. Durante a sessão, o paciente não encontrou qualquer episódio que associasse aos alérgenos, o que é normal. A recordação do drama nem sempre é imediata, pelo fato de estamos sempre perante episódios gravados no inconsciente, protegidos por mecanismos de proteção psíquica.

Contudo, o paciente levou a informação psicossomática para casa e, passados 4 dias, ao falar com alguém conhecido, a recordação surgiu-lhe espontaneamente na memória.

 

Surgiu-me o episódio na cabeça como tivesse sido ontem…Tinha 9 anos de idade. Estava nos inícios de Novembro…

Eu gostava muito de uma vizinha, considerava-a uma avó. Quando chegava da escola, ia imediatamente para casa dela e ela recebia-me com muito carinho. Quando a minha mãe se ausentava, ela cuidava de mim como se fosse um neto dela. Adorava aquela senhora…

Um dia, vinha eu da escola todo entusiasmado e, como sempre, parei na casa da minha vizinha. Ao entrar, deparei-me com um olhar triste. Ela voltou-se para mim e disse:

Os meus filhos querem que vá com eles de vez para Lisboa, já não vou poder cuidar mais de ti! Parto amanhã…” (drama emocional)

Nesse momento, lembro-me que estava sentado em cima de um tapete que normalmente usava para brincar com os meus brinquedos. Ainda sinto o cheiro dessa alcatifa. Sei que também tinha gramíneas espetadas nas calças, trazidas durante a corrida até casa.

Na altura, procurei não dar importância, pois apanhou-me de surpresa. Foi preciso algum tempo para perceber a verdadeira razão de ela ter ido embora.

Não devia ter sentido tanto afeto por aquela senhora… (banda do pensamento).

Agora, ao lembrar-me desse preciso momento, ainda sinto uma tristeza profunda, mesmo passados destes anos todos… “

 

 

O Psicochoque aconteceu naquele verão de S. Martinho, aos 9 anos de idade.

Gramíneas + ácaros+ tapetes = perigo de separação inesperada

Segundo o próprio, após a consciencialização do episódio, os sintomas alérgicos diminuíram 90%, o suficiente para evitar custos excessivos com lenços de papel.

Embora nem todos os casos se resolvam com esta rapidez, o mecanismo biológico de proteção emocional funciona em todo o tipo de alergias. Em algumas situações, o alérgeno pode não ter uma representação concreta mas uma mais simbólica.

Independentemente do tipo de alergia, caso se pretenda optar por uma terapêutica psicossomática é fundamental trazer uma a lista precisa de alérgenos.

A reversão da alergia baseia-se na consciencialização do evento-choque, com consequente resolução psicológica. Embora a solução seja simples, o mecanismo de proteção psíquico procura evitar a sua recordação, o que torna necessário, em certas situações, a indução a estados alterados de consciência.

Contudo, descobrir uma solução psicológica para um problema físico é sempre digno de ser experimentado.

 

 

Referência bibliográfica essencial:

– SELLAM, S. – Las alergias no existem. Cuáles son las verdaderas razones de las alergias? Ediciones B, 2011.

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