Fisioterapia para mamães e bebês

O mês de agosto está chegando e com ele a Semana Mundial da Amamentação, período comemorado até o próximo dia 7 e que busca chamar a atenção sobre a importância do aleitamento materno, recomendado para bebês de até dois anos de vida. Contudo, muitas vezes a produção do leite materno deve ser estimulada mesmo antes de a criança vir ao mundo, e precisa seguir após o parto. É nesse ponto que entra em cena na vida das futuras mães a chamada fisioterapia vascular pré e pós parto, um conjunto de procedimentos terapêuticos que juntos promovem a melhoria da qualidade de vida das gestantes, das mães ainda em processo de amamentação e dos bebês, consequentemente.

A fisioterapeuta Cinthia Rocha diz que as gestantes podem começar o tratamento já a partir do terceiro mês de gravidez. Antes que isso ela alerta que há riscos quanto a abortos. “O indicado é com três meses, salvo recomendação médica em que a paciente precisa começar antes”, destacou. Sobre a fisioterapia vascular, Cinthia explica que o primeiro procedimento é a drenagem linfática, realizado para evitar os edemas que costumam aparecer durante a gestação. A drenagem linfática é indicada ser feita três vezes por semana e até um dia antes do parto.

Durante os – geralmente – noves meses de formação do feto, o útero da mulher também pressiona seus gânglios inguinais – região das coxas – o que dificulta a circulação sanguínea. Assim, surgem os edemas. Basicamente, a terapia faz a drenagem da linfa – líquido que trafega dentro do sistema circulatório e precisa ser excretado – de dentro dos gânglios linfáticos – pequenas áreas pertencentes ao sistema linfático, que é responsável por filtrar a linfa e produzir anticorpos. Isso faz o sangue fluir melhor pelo corpo.

“Começamos com o tratamento de fisioterapia chamado drenagem linfática, que vai evitar na gestante aqueles famosos edemas, que podem aparecer durante toda a gestação. Fazemos o esvaziamento dos gânglios linfáticos, colocamos essa linfa dentro do interstício, ela vai chegar aos grandes gânglios (nas axilas ou pescoço, por exemplo), vai ser capitada e excretada pelo sistema urinário”, explicou a fisioterapeuta. Outra área trabalhada na fisioterapia pré parto é a axilar, fundamental para a produção do nutritivo leite materno. “Também estimulamos o gânglio axilar. Ele estimula a dessensibilização do mamilo, facilitando a lactação”, disse Cinthia Rocha. Com o tratamento, complementa ela, é possível se evitar o trauma da fissura dos seios durante a amamentação, problema doloroso que tanto aflige as lactantes.

Juntamente com a drenagem são feitos exercícios miolinfocinéticos, que ajudam o bombeamento do sangue e feitos regularmente pode ser evitada a chamada trombose venosa profunda, um dos grandes vilões da gestação. “Isso ocorre porque o músculo está nutrido, levamos oxigenação até ele e evitamos a trombose”, pontua Cinthia. Além de aumentar a imunidade da mulher e melhorar a circulação, esses procedimentos também ajudam o feto porque traz mais nutrição para a placenta. “Tudo isso favorece a boa nutrição placentária porque o sistema linfático ao ser estimulado, ele aumenta a produção de células de defesa. Ou seja, o sistema autoimune e a nutrição placentária, um grande benefício para a mãe o bebê”, ressaltou a fisioterapeuta.

Outro procedimento considerado fundamental antes de a mãe ter seu bebê é o ultrassom terapêutico, medida considerada eficaz para o relaxamento da região do pescoço e ombros da paciente. “A mamãe começa a dormir melhor e com isso haverá uma maior produção de leite e um maior relaxamento. É bom deixar claro que a gestante não precisa sentir dor na coluna, isso é um mito. Hoje temos recursos para que alivie, minimize ou até debele essa dor”, afirmou Cinthia.

A importância do parto normal

A fisioterapeuta Cinthia Rocha, especializada em procedimentos pré e pós gestação, defende a realização dos partos normais, que no Brasil ainda são a minoria quando comparado com as cesarianas. Segundo ela, o tempo de recuperação da mãe no procedimento cirúrgico é muito maior quando comparado ao humanizado. “Ao fazer a fisioterapia estimulamos a realização do parto humanizado, o normal. É muito importante a mãe saber que pode fazer o parto normal, contudo o que vemos hoje no Brasil é diferente. A cesária é um procedimento que se adota no Brasil. É um trauma para mãe porque é um procedimento cirúrgico e gera um trauma. É um corte feito e muitas vezes atinge músculos”, defende a fisioterapeuta.

De um a cinco dias após o parto, é importante que a nova mãe mantenha o tratamento terapêutico. Com ele, se mantêm os procedimentos pré parto, como a drenagem linfática, o ultrassom, os exercícios miolinfocinéticos e os alongamentos, estes últimos importantes sobretudo para a região do pescoço e o trato da postura das mulheres. “O ultrassom é extremamente importante nessa fase pela postura que a mãe adota para amamentar, que vai contraturar os músculos posteriores das costas. O ultrassom terapêutico vai promover o relaxamento e alinhar essas fibras musculares”, ressaltou a fisioterapeuta.

Outra indicação é manter a ingestão de muita água e o relaxamento. Segundo Cinthia Rocha é muito importante que as mães tenham boas noites de sono durante a amamentação. “Água e sono é a solução para a lactação. Se você tem água e dormir bem você terá a produção de leite”, contou. É importante destacar que nem todas as gestantes podem fazer a fisioterapia vascular. O tratamento é contraindicado para pacientes com hipertensão não controlada, ou seja, pacientes de alto risco que tenham pressão alta sem controle. Porém, a paciente que tem a pressão desestabilizada, mas que é controlada, pode fazer o tratamento já que poderá ser beneficiada com a normalização da pressão. Além disso, o recomentado é que o tratamento seja feito com um profissional qualificado e especializado na fisioterapia vascular pré e pós parto.

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